Zambelli intocável na Itália? Para embaixador, não é bem assim 5n43k
Em entrevista a VEJA, Renato Mosca explicou quais as chances da deputada conseguir ficar no país 6c322d

O pedido de extradição da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi entregue oficialmente nesta quinta-feira, 12, ao governo italiano pela embaixada do Brasil no país. A parlamentar está foragida desde o dia 5 de junho, após ser condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça.
Em entrevista ao programa Ponto de Vista, de VEJA, o embaixador do Brasil na Itália, Renato Mosca, disse que fez a solicitação pessoalmente ao Ministério de Negócios Estrangeiros italiano. Atualmente, existem 14 pedidos de extradição pendentes no país.
Apesar de Zambelli ter também cidadania italiana, o embaixador acredita que isso não é um impeditivo para que o governo aceite a solicitação brasileira. ‘Há antecedentes de ítalo-brasileiros que foram extraditados para o Brasil – embora a legislação italiana preveja que não se pode extraditar cidadão nacional, ela também apresenta a exceção. E uma das exceções é a existência de um acordo, de um convênio, de um tratado de extradição. Nós temos, o Brasil e a Itália, um tratado de extradição em vigor desde 1993. Ela se precipitou, imagino, ao dizer que é intocável na Itália. Esse ano mesmo nos já fizemos a extradição para o Brasil de um ítalo-brasileiro’, explicou.
A deputada usa a seu favor também o fato do país ser liderado pela primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, ligada a direita. Outro fato contestado pelo embaixador. ‘Quanto a eventual proximidade ideológica ou afinidade com o governo italiano, ainda que exista, uma proximidade dela com alguns membros do governo da primeira-ministra, eu não vejo isso como uma questão que possa dificultar a extradição da deputada porque o governo italiano e o brasileiro tem uma cooperação na área penal muito importante. Não há o que se falar sobre a proteção de um cidadão que cometeu crimes no exterior, no Brasil. Mas há que se dizer que é uma decisão do governo italiano, toda a extradição tem uma fase política e jurídica, onde se desenrola dentro do poder judiciário e em seguida o Ministério da Justiça, dentro do governo, decidirá qual destino do foragido’.
A deputada foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol, o que deve facilitar a sua localização. No entanto, o processo de extradição tende a ser muito mais longo, pode chegar a mais de um ano. Ainda, de acordo com Mosca, a prisão deve sair logo. ‘Essas capturas não demoram tanto tempo. O processo de extradição sim, pode levar algum tempo. Não posso antecipar, mas nós teremos num futuro próximo informações sobre isso, existe uma parte investigativa, onde se vai localizar o paradeiro e a partir daí fazer a captura’.